Quando o punk estava em sua efervescência no Brasil, houve mais de um cineasta que se interessou em registrar o movimento - Fernando Meirelles, de "Cidade de Deus" e que dirigiu "Garotos do subúrbio", foi um deles. Mas enquanto a preocupação à época era o "durante", faltava quem retomasse o "antes" e fosse atrás do "depois" de quem conseguiu "pintar de negro a asa branca, atrasar o trem das onze, pisar sobre as flores de Geraldo Vandré e fazer da Amélia uma mulher qualquer" - citando um manifesto que Clemente do Inocentes, banda fundamental do punk brasileiro, escreveu.Quatro anos e 77 (um número bem apropriado ao punk) entrevistas depois, o ex-VJ da MTV tornado diretor de documentário Gastão Moreira conseguiu em "Botinada" dar conta da missão. Mesmo os familiarizados com as histórias do punk nacional em suas origens têm motivos para conferir o trabalho de 110 minutos que começa com a discussão se o movimento teve início em São Paulo ou em Brasília, mas opta por restringir o foco no que aconteceu na capital paulista. Não que Gastão tenha deixado de registrar outras cenas brasileiras (elas estão nos extras), mas foi acertada a decisão de detalhar o lugar onde o punk fez mais barulho, virando papo de jantar de família e tema de reportagens comportamentais na grande imprensa. Com um estilo básico, seco (alguém aí lembrou de punk?), Gastão deixou a narrativa só na boca de seus entrevistados e usou recursos como animação - que funcionou bem na hora de contar um dos causos e perrengues que passaram os protagonistas de bandas que fizeram o punk brasileiro como Cólera, Olho Seco, Restos de Nada e Ratos de Porão.
O documentário equilibra bem o exagero e a antipatia da mídia em relação ao movimento com a violência real das gangues - o bicho pegou mesmo no evento que selaria a paz entre os grupos rivais, o Começo do Fim do Mundo, festival que aconteceu no Sesc Pompéia e foi tema de reportagem até do "Washington Post". Não só por apresentar imagens raras e inéditas mas por acabar com a curiosidade natural de saber onde andam os personagens (vendedor de loja, diretor de multinacional, fazedor de bicos, VJ da MTV etc.), Gastão cumpre bem a tarefa de documentar esse capítulo do rock no Brasil. Com estilo básico e seco.
O documentário equilibra bem o exagero e a antipatia da mídia em relação ao movimento com a violência real das gangues - o bicho pegou mesmo no evento que selaria a paz entre os grupos rivais, o Começo do Fim do Mundo, festival que aconteceu no Sesc Pompéia e foi tema de reportagem até do "Washington Post". Não só por apresentar imagens raras e inéditas mas por acabar com a curiosidade natural de saber onde andam os personagens (vendedor de loja, diretor de multinacional, fazedor de bicos, VJ da MTV etc.), Gastão cumpre bem a tarefa de documentar esse capítulo do rock no Brasil. Com estilo básico e seco.
valeu véio!muito boa a dica!esse dvd eu ainda não vi!Fernando Meirelles,esse cara manda bem pra caralho!!!vlw!!
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