AC/DC: “Black Ice” é o melhor álbum desde “Back in Black”

Ok, quase nove anos se passaram desde o lançamento de “Stiff Upper Lip”, em fevereiro 2000 e é possível que muitos, certamente não os fãs com mais de 30 anos de idade, esperassem que os irmãos Young apresentassem em seu novo trabalho algum toque de modernidade ou uma roupagem nova para o já tradicional som dos australianos. Se você é um desses, pode ir tirando o seu cavalo da chuva.“Black Ice” traz exatamente o mesmo AC/DC que todos já conhecem e, justamente por esse motivo, o novo álbum é excepcional e se mantém à altura de clássicos como “Highway to Hell”, de 1979 e “Back in Black”, de 1980, disco que marcou a estréia de Brian Johnson nos vocais após a trágica morte de Bom Scott e um dos mais bem sucedidos da carreira da banda, que já ultrapassa três décadas.Logo de cara, no primeiro acorde de “Rock n’ Roll Train”, faixa que abre o disco, o furioso e inconfundível timbre da guitarra de Angus Young, acompanhado de seus ‘riffs’ simples mas matadores, já mostram seus dentes. Todos os principais elementos que fazem do AC/DC a banda que é se fazem presentes: os ‘riffs’ de Angus, amparados pela guitarra de seu irmão Malcolm, a cozinha pesada e precisa de Cliff Williams e Phil Rudd e, claro, a voz não menos inconfundível de Brian Johnson cantando “One hot ringin’ bell, Old school rebel... Runaway train (running right off the track)”, algo mais ou menos como “Um toque quente da campainha, rebelde da velha guarda... O trem desgovernado (rodando fora dos trilhos)”. Nada pode ser mais rock ‘n’ roll que isso, nada pode ser mais AC/DC que isso.Seguindo adiante, o disco traz ainda mais 14 faixas, que seguem em sua maioria na mesma linha inicial, totalizando 55 minutos do mais puro AC/DC. Os destaques vão para “Skies on Fire”, “War Machine”, “Wheels”, “Storm May Day” e a faixa título, “Black Ice”, que fecha o álbum.Embora possa parecer um pouco previsível, nem de longe o disco chega a ser cansativo e, sem perceber, você já o ouviu uma, duas... dez vezes. Para os ainda não iniciados no rock ‘n’ roll do AC/DC, “Black Ice” vale cada centavo e é uma excelente pedida para travar o primeiro contato com a peculiar sonoridade da banda.